O Grupo Parlamentar do Partido Socialista/Açores concluiu, após visitas ao Centro de Oncologia dos Açores e ao Núcleo Regional da Liga Portuguesa Contra o Cancro, que o Governo Regional não está a dar resposta adequada aos doentes oncológicos, comprometendo o diagnóstico precoce e o acesso a tratamentos essenciais.
“A degradação sentida um pouco por todas as áreas da saúde estende-se também ao acompanhamento dos doentes oncológicos, com atrasos nos diagnósticos, nos estudos de incidência e na implementação de rastreios”, afirmou Andreia Cardoso, líder parlamentar no GPPS.
“A deteção precoce do cancro é determinante para a redução da mortalidade, mas o Governo Regional tem falhado consecutivamente nesta matéria. O rastreio do cancro do pulmão, prometido para o primeiro trimestre de 2024, continua por implementar; o estudo sobre os fatores de risco do cancro nos Açores, adjudicado em 2018, continua sem conclusões; o registo oncológico está desatualizado, o que compromete o conhecimento do número real de novos casos na Região, estimados em cerca de mil por ano, e impede uma avaliação eficaz dos rastreios”, avançou.
"O fator tempo é determinante para os pacientes oncológicos. Tempo é o que os pacientes não têm. Mas este Governo está parado, sem soluções e a incapacidade de dar resposta atempada coloca vidas em risco", afirmou Andreia Cardoso.
A líder parlamentar adiantou ainda que a incapacidade do Governo Regional para organizar e alocar recursos de forma eficiente reflete-se também no encaminhamento de pacientes para tratamento, lembrando as declarações do ex-administrador do Conselho de Administração do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), ontem, na Comissão de Assuntos Sociais, que afirmava que no período pós-incêndio se verificou uma redução significativa na atividade do Centro de Radioterapia.
“Esta redução é preocupante, pois significa que houve pacientes que não foram diagnosticados ou referenciados atempadamente para o tratamento adequado. Não estamos a falar de estatísticas, estamos a falar de pessoas cujas janelas de oportunidade para um tratamento eficaz estão a ser desperdiçadas. Se os pacientes não são sinalizados a tempo, se não são encaminhados para tratamento atempadamente, isso traduz-se num impacto brutal na vida dos açorianos", sublinhou Andreia Cardoso.
Relativamente aos anúncios recentes feitos Secretária Regional da Saúde e Segurança Social, que de os dados do estudo sobre o cancro serão recolhidos até junho e de que o rastreio do cancro do pulmão vai avançar ainda em 2025, Andreia Cardoso adjetiva como “a habitual propaganda do Governo”, afirmando que “este é mais um sinal de falta de planeamento do Governo Regional, que há quatro anos não consegue dar respostas eficazes aos açorianos”.
"A Secretária promete, faz filmes, mas não cumpre. Não cumpre com os pagamentos aos doentes oncológicos, não cumpre com os rastreios prometidos, não cumpre com os diagnósticos e os tratamentos e promete coisas que sabe que não pode cumprir", criticou Andreia Cardoso.
Como exemplo da desorientação e desnorte no setor da saúde, a socialista apontou o caso da criação de uma unidade de hemodinâmica na ilha Terceira, com uma falta de posição clara da Secretária Regional da Saúde sobre este diferendo entre os dois maiores hospitais da Região.
“O Partido Socialista defende a criação de uma Unidade de Hemodinâmica na ilha Terceira, como medida estruturante para garantir uma resposta mais equitativa e eficiente às necessidades da população e para reforçar a capacidade do Serviço Regional de Saúde”, sublinhou.
“O Governo está refém de pressões e opiniões de origem e com motivações muito duvidosas. Este é um Governo estagnado, sem dinamismo e sem soluções. O Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, assiste passivamente a esta manipulação da saúde nos Açores, sem ter mão no seu próprio executivo ", concluiu a presidente do Grupo Parlamentar do PS/ Açores.
Angra do Heroísmo, 30 de janeiro de 2025